A chegada da pandemia no ano passado, que acelerou o processo de digitalização do dia a dia das pessoas e das empresas, levou o setor de telecomunicações a outro patamar. Ter uma internet rápida em casa passou a ser um serviço ainda mais necessário. Não só para quem precisou aderir ao home office, mas também para quem se viu privado de atividades de lazer na rua e recorreu ao online para ter algum entretenimento.
Além do aumento da demanda em si, três novos elementos chegaram em 2021 para mexer com o mercado e devem ser catalisadores para o ano que vem: o leilão das linhas do 5G, a venda da Oi Móvel (para Claro, TIM e Vivo – por R$ 16,5 bilhões) e o surgimento de empresas de infraestrutura de fibra ótica que se propõem a atuar como operadoras neutras – aquelas que podem ser fixas ou móveis e que atendam várias operadoras de telecomunicação de forma discriminatória.
Segundo os dados da Anatel, referentes a setembro de 2021, o acesso à banda larga vem ganhando espaço em relação a outras modalidades. Os gráficos a seguir mostram a evolução dos acessos históricos e das densidades ao longo do tempo dos serviços de Banda Larga Fixa, Telefonia Móvel, Telefonia Fixa e TV por Assinatura.
No levantamento da Anatel, foram 5.570 municípios brasileiros atendidos por alguma tecnologia de acesso à banda larga. Desse total, 98,8%, ou seja, 5.502 municípios, já têm acesso via fibra óptica. No mês do levantamento, a Anatel registrou 36,7 milhões de acessos à banda larga fixa no Brasil, dos quais 40% por fibra.
Enquanto isso, o acesso a telefonia móvel e a TV por assinatura, após três anos de queda, tiveram alta em 2021. A telefonia móvel teve crescimento de 10%, chegando a 249,4 milhões de acessos, em relação ao ano de 2020. A TV por assinatura, por sua vez, cresceu 9%, alcançando 16,8 milhões de acessos. Já os acessos a telefonia fixa continuam em queda. Em 2021, tiveram redução de 11,2%.

Das grandes operadoras de telefonia no Brasil, a Claro e a Vivo são as empresas que mais devem se beneficiar no curto prazo, com o crescimento no acesso à banda larga, dado que elas detêm maior participação de mercado nessa categoria. A Claro, que não tem ações na bolsa de valores, se destaca como a que detém a maior participação em Banda larga, com 24,6%.
A segunda colocada é a Vivo, com 16% nessa categoria, seguida pela Oi, com 13,3%. Por última, vem a TIM, com apenas 2% de participação no acesso a Banda larga no Brasil, segundo a Anatel. A TIM seria a empresa que mais precisaria aumentar a sua base de clientes em banda larga para tentar usufruir da melhora deste segmento.

A adoção do modelo de redes neutras irá ajudar e alavancar as grandes empresas de telecomunicação, trazendo vantagens tanto para a dona da infraestrutura quanto para quem aluga. O modelo permite uma redução de custos para os envolvidos e o destravamento de seus investimentos, atraindo novos investidores e acelerando a expansão da rede de fibra.
A TIM, por exemplo, que tem a menor presença em banda larga, acabou firmando acordo com a IHS Brasil para se tornar uma rede aberta, com a cobertura atual da TIM Live, que poderá ser alugada por outros provedores de internet fixa. Nas áreas cobertas com cobre, a sobreposição da fibra óptica atinge apenas 577 mil domicílios. No entanto, em seu plano industrial, a TIM tem como meta a expansão da cobertura FTTH (fiber to the home, ou fibra até a casa) para 8,9 milhões de casas em 4 anos.
As outras operadoras, Oi e Vivo, também apostaram em redes neutras.
A mais conhecida, quando se trata de rede neutra, é a V.tal (antiga InfraCo), que é responsável por toda a infraestrutura de banda larga da Oi Fibra, e possui cobertura com tecnologia FTTH, para 10,9 milhões de domicílios de 142 cidades.
Enquanto isso, a FiBrasil é responsável pela Vivo Fibra, que vai contribuir com cobertura de fibra para 1,6 milhão de domicílios cobertos e deve alcançar 5,5 milhões de lares em quatro anos.
E o 5G?
Além da perspectiva de crescimento via redes neutras e aumento da banda larga, a entrada do 5G tende a impulsionar o desempenho das empresas em 2022. A companhia que mais deverá se beneficiar é a Vivo, por ter forte participação com a tecnologia de fibra óptica que é compatível a tecnologia do 5G. A Oi deve ser a menos beneficiada, até porque já vem se desfazendo de seus ativos de telefonia móvel. A TIM também poderá se beneficiar da nova tecnologia, mas possivelmente em ritmo mais lento que o da Vivo, em razão da baixa participação em fibra.
Desta forma, o principal catalisador para o ano de 2022 será a tecnologia de fibra óptica, que será a grande conexão usada para interligar as futuras antenas de 5G. O crescimento da procura por essa tecnologia e o surgimento de provedores regionais favoreceram a popularização da fibra óptica no Brasil, o que vem resultando em custos muito mais atraentes para os assinantes e para as companhias.
A performance de cada uma na Bolsa
Na B3, há três operadoras de telefonia: Oi (OIBR3/OIBR4), TIM (TIMS3) e a Telefônica (VIVT3).
Entre as três companhias, a Oi é a que mais se destaca negativamente, com queda em suas ações no ano de 2021. As ações preferencias da Oi (OIBR4) estão apresentando reduções de 53,92% enquanto as ordinárias (OIBR3) apresentam perdas de 63,63% no ano, até o dia 21 de dezembro, com ações a um preço unitário de R$ 1,29 e R$ 0,80, respectivamente.
A TIM (TIMS3) aparece com o segundo pior desempenho, com recuo de 9,52% em 2021, cotada a R$ 12,83 por ação até o dia 21 de dezembro de 2021, mas ainda melhor que o Ibovespa, que cai 11,35% na mesma base de comparação.
As ações da Telefônica (VIVT3), por sua vez, estão com alta no ano de 11,35%.
O que o mercado pensa
A TIM (TIMS3) é a ação preferida do mercado das 10 recomendações compiladas no TradeMap, com as projeções da Refinitv, todas são de compra das ações da companhia.
O preço-alvo mais otimista aponta para R$ 21,00 por ação, um potencial de alta de 63,36%, considerando o preço de fechamento de R$ 12,83 por ação do dia 21 de dezembro de 2021. Na mediana, as projeções estão em R$ 18,23, o que representaria avanço de 42,08%.

Para as ações da Telefônica (VIVT3), as projeções estão bem divididas, com parte dos analistas recomendando compra, sendo cinco recomendações e quatro delas com manutenção dos papéis da companhia. O preço-alvo mais otimista aponta para R$ 64,00 por ação, um potencial de alta de 40,10%, considerando o preço de fechamento de R$ 49,25 por ação do dia 21 de dezembro de 2021. Na mediana, as projeções estão em R$ 58,00, o que representaria avanço de 17,76%.

Para as ações da Oi (OIBR3), das cinco recomendações, três são de recomendação de compra e duas de manutenção. O preço-alvo mais otimista aponta para R$ 3,40 por ação, um potencial de alta de 325%, considerando o preço de fechamento de R$ 0,80 por ação do dia 21 de dezembro de 2021. Na mediana, as projeções estão em R$ 1,70, o que representaria avanço de 112,50%.

