A confiança do consumidor brasileiro aumentou em dezembro, mas caiu em 2021 e está muito diferente a depender do nível de renda.
Segundo a Fundação Getulio Vargas, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 0,6 ponto neste mês em relação a novembro, para 75,5 pontos. Na comparação com dezembro de 2020, no entanto, recuou 3,0 pontos.
“Foi um ano difícil para os consumidores, principalmente para os de menor poder aquisitivo”, disse Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens da FGV. “O descolamento entre a confiança dos consumidores de baixa renda dos de alta renda atingiu o maior nível da série dos últimos 17 anos”, afirmou.
Entre os consumidores com renda de até R$ 2.100 por mês, o índice de confiança subiu 0,6 ponto em dezembro ante o mês anterior, para 63,7 pontos. A leitura, porém, é bem menor que a observada entre os consumidores com renda maior que R$ 9.600 mensais – que atingiu 87,6 pontos, alta de 2,3.
A diferença, segundo Bittencourt, reflete o fato de as pessoas de renda mais baixa serem mais afetados pelo desemprego, inflação elevada e aumento do endividamento. “2022 será um ano desafiador tanto para a melhora da
confiança geral quanto para a diminuição da desigualdade na percepção dos desafios econômicos por famílias com diferentes níveis de renda”, acrescentou.
A melhora na confiança do consumidor em dezembro foi motivada por expectativas mais otimistas quanto ao futuro, visto que o índice que mede a percepção sobre as condições atuais da economia caiu 1,3 ponto na comparação mensal, para 65,6 pontos.
“A piora da avaliação dos consumidores sobre a situação atual foi puxada por deterioração da situação financeira das famílias. O indicador que mede a satisfação sobre as finanças pessoais caiu 2,9 pontos, para 59,2 pontos, menor valor desde abril deste ano”, disse a FGV em comunicado.
O índice que mede as expectativas para os próximos meses subiu 2,0 pontos, para 83,4 pontos, com melhora especialmente nas previsões sobre a situação financeira familiar. Mesmo assim, o indicador sobre o ímpeto de compras para os próximos meses continuou caindo pelo quarto mês consecutivo.