Analistas destacam avanço da XP (XPBR31) em novos negócios, mas saída do Itaú ainda deve pesar sobre ações

Meta da XP é que novos negócios passem a corresponder a 25% da receita até 2025

Foto: Divulgação

As novas linhas de negócios da XP, que corresponderam a 6,5% do total da receita da companhia no quarto trimestre, foram um dos principais destaques do balanço divulgado na noite de terça-feira (8), na visão de analistas do Goldman Sachs e do UBS-BB, em relatórios distribuídos nesta quarta-feira (9).

As novas verticais, cujo crescimento vem sendo puxado principalmente por fundos de pensão e cartões de crédito, representavam apenas 1,8% do total das receitas da XP há um ano – e a previsão da companhia é que cheguem a 25% até 2025, em um esforço para diversificar as receitas.

Apesar de ambos os bancos destacarem a força dos novos negócios da XP, suas análises sobre os resultados e suas perspectivas para a ação daqui para frente divergem em certos pontos.

O Goldman Sachs, mais otimista, aponta que o lucro líquido de R$ 989 milhões do quarto trimestre ficou 24% acima de sua projeção, e 12% acima do que o consenso do mercado, compilado pela Bloomberg. O número representa alta de 6% em comparação com os três meses anteriores e é 64% maior do que o registrado no quarto trimestre de 2020.

Na análise do banco americano, os resultados melhores do que o previsto se devem principalmente a uma redução nos custos e despesas operacionais. Os custos ficaram estáveis na base trimestral e, apesar de terem subido 7% na comparação anual, ficaram 9% abaixo da projeção do banco. As despesas, por sua vez, caíram 10% em relação ao terceiro trimestre, 15% abaixo da projeção do banco.

A queda nos custos e despesas, segundo o Goldman, reflete incentivos recebidos de terceiros, principalmente devido ao desenvolvimento conjunto de produtos para o varejo e à associação dessas organizações com a companhia.

Com isso, o Ebitda cresceu 22% na comparação trimestral e 74% em relação ao quarto trimestre de 2020, superando a projeção do Goldman em 22%. A margem Ebitda, por sua vez, ficou em 37,7%,

O UBS-BB, que também reconhece a força dos números reportados pela XP, chama a atenção para os resultados mais fracos do que o esperado em receitas com ofertas de ações no mercado de capitais, devido principalmente à menor atividade do segmento.

Além disso, diferentemente do Goldman, o banco credita os fortes resultados principalmente ao crescimento da receita, e não à redução de custos. Apesar de as receitas institucionais terem enfraquecido, o segmento de varejo registrou crescimento de 5% trimestre a trimestre e de 48% ano a ano.

A alta na receita do segmento, segundo o UBS-BB, se deve principalmente a um percentual de comissões (take-rate) resiliente e à continuação da tendência positiva em ativos sob custódia. Ao todo, a receita líquida do trimestre subiu 3% em relação aos três meses anteriores, e 36% na comparação anual.

Avaliação das ações

A alta das ações nesta quarta-feira parece mostrar que, de maneira geral, os resultados foram bem recebidos pelo mercado. Por volta das 16h, o ativo negociado em Nova York tinha alta de 6,65%, a US$ 34,31. Os BDRs, negociados na Bolsa brasileira, subiam 5,81%, a R$ 179,84.

Apesar de considerar o balanço das XP positivo, olhando para o futuro, o UBS-BB acredita que a venda de ações pelo Itaú (ITUB4) e pela Itaúsa (ITSA3) pode continuar a pressionar o preço do papel, que acumula desvalorização de 34% nos últimos 12 meses.

Por isso, e por enxergar que as ações vêm sendo negociadas com um prêmio em relação a seus pares, o banco mantém sua classificação neutra sobre o papel, com preço-alvo de US$ 37 – o que representa alta de 16% em relação ao preço do fechamento de terça-feira, de US$ 31,97.

Mais otimista, o Goldman Sachs recomenda compra para a ação, com preço-alvo de US$ 60 – upside de 16%.

Dados compilados pela Refinitiv e disponíveis na plataforma TradeMap refletem a posição dividida do mercado: de 12 casas de análise consultadas, sete recomendam compra para a ação, enquanto cinco indicam a manutenção do papel na carteira. A mediana dos preços-alvo dos analistas é de US$ 42,44, potencial de alta de 33%.

Os principais riscos para a performance da XP, segundo o Goldman, são a dificuldade em prever as receitas, uma vez que a companhia não oferece muita informação sobre o mix; uma concorrência mais acirrada; e um potencial fim da exclusividade na parceria com agentes autônomos, o que impactaria o crescimento e os custos.

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