Com a política monetária americana mais uma vez no centro das atenções, após dados econômicos mistos nos Estados Unidos, o Ibovespa seguiu a tendência de seus pares estrangeiros e fechou o pregão desta quinta-feira (15) em baixa de 0,54%, aos 109.953 pontos, com R$ 17,22 bilhões em volume negociado.
Com o desempenho de hoje, a alta acumulada pelo índice em setembro passou para 0,39%, enquanto os ganhos desde o início do ano somam 4,9%.
O dia também foi negativo no exterior. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 1,13%, o Dow Jones caiu 0,56% e o Nasdaq recuou 1,43%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 0,72%.
Economia em foco
Na manhã de hoje, o mercado olhou com atenção para dados econômicos dos EUA. Se de um lado a atividade industrial veio abaixo do esperado, as vendas no varejo superaram as estimativas do consenso, enquanto os números de novos pedidos de seguro-desemprego vieram abaixo do previsto.
Apesar de os números mostrarem uma economia mais forte do que o esperado, reforçam as expectativas de um novo aumento de 0,75 p.p (ponto percentual) na taxa de juros do país na próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), com parte do mercado olhando para a possibilidade de uma alta de 1 pp.
Por aqui, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), indicador de atividade econômica brasileira, mostrou um avanço de 1,17% em julho, mais do que o dobro da alta de 0,5% esperada por analistas de mercado para o mês, segundo dados divulgados pelo BC nesta quinta-feira (15).
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando a economia estava deprimida por causa da pandemia de coronavírus, o índice mostrou uma alta de 3,87%.
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Além disso, o Ministério da Economia elevou sua projeção para o crescimento deste ano, enquanto a estimativa para a inflação teve recuo.
A estimativa para o aumento do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e dos serviços produzidos no país) foi de 2% para 2,7%, em relação ao boletim divulgado em julho, reflexo do aumento do emprego, do desempenho do setor de serviços e da elevação da taxa de investimento.
A projeção de inflação pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para 2022 recuou de 7,2% para 6,3%. Mas ainda está acima da meta de inflação para o ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional em 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior é 5%.
Altas e baixas do pregão
No fechamento, as maiores quedas entre as ações do Ibovespa eram de Ecorodovias (ECOR3), Cosan (CSAN3) e Via (VIIA3), com recuos de 11,97%, 4,66% e 4,6%, respectivamente.
Outra baixa significativa foi das ações da Sabesp (SPSB3), de 4,22%, em meio às incertezas sobre a possibilidade de a companhia ser privatizada. Neste cenário, o UBS BB rebaixou a recomendação da empresa de compra para neutra, segundo relatório desta quinta-feira.
Na ponta oposta, os papéis que mais subiram foram os de Positivo (POSI3), Embraer (EMBR3) e Marfrig (MRFG3), com ganhos de 7,24%, 3,58% e 2,56%, nesta ordem.
A Embraer anunciou que assinou um pré-contrato, conhecido como memorando de entendimento, com uma afiliada da Apollo para receber até US$ 1,5 bilhão de investimentos no programa de financiamento dos clientes de jatos regionais da empresa.
De acordo com a companhia, a Apollo oferecerá uma série de soluções sob medida em todo o espectro de financiamento de clientes e entregas. O programa inclui também opções para explorar financiamentos para projetos e desenvolvimento de tecnologias verdes.
A quarta maior valorização do pregão foi de Vale (VALE3), de 2,02%,acompanhando a alta de 0,7% no minério de ferro em Dalian, para US$ 103,50 por tonelada, impulsionado pela flexibilização de lockdowns na cidade de Chengdu e pelas medidas chinesas para impulsionar o mercado imobiliário.
O governo chinês anunciou a injeção de mais de 400 bilhões de iuans e no mercado o repasse do equivalente a US$ 28 bilhões a indústrias e prestadores de serviços.
A Natura (NTCO3), com valorização de 1,58%, foi outra alta. A XP divulgou um relatório afirmando que a ação da empresa está “barata demais para ignorar”. Na visão dos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, a combinação dos negócios da empresa na América Latina com a Avon Internacional é benéfica para a companhia.
Os analistas reiteraram a recomendação de compra para o papel, com um preço-alvo de R$ 25. Levando em conta a cotação atual de R$ 16,70, eles veem uma valorização de 49,70% até o fim de 2023.
Criptoativos
Depois de anos de expectativa, o processo de atualização da blockchain Ethereum foi concluído com sucesso na madrugada desta quinta-feira.
A partir de agora, a rede passa a ser validada por um sistema muito menos danoso ao meio ambiente e que também contribui para a deflação da cripto.
A boa notícia, porém, foi ofuscada pelo cenário macro negativo e o temor de uma liquidação em massa. Por volta das 17h, o Ethereum registrava queda de 6,7%, negociado a US$ 1.511, segundo dados da Binance disponíveis na plataforma TradeMap.
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Na mesma hora, o Bitcoin (BTC) operava com queda de 1,7%, vendido a US$ 19.934.
“O desempenho do mercado cripto deve continuar acompanhando o que está acontecendo nos mercados globais, o que de forma alguma tira a representatividade do evento histórico que aconteceu nesta madrugada na Ethereum”, afirma Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset Management.
Apesar do início ruim, os analistas apostam na valorização do ETH no médio e longo prazo com a expectativa de entrada de novos investidores institucionais e o processo de deflação da cripto.