O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou em queda de 0,26% na última quarta-feira, 23. Nem mesmo a insistência das empresas mais representativas, Petrobras e Vale, conseguiram segurar o índice no azul.
O pano de fundo segue sendo o futuro da política monetária dos EUA. Novas falas sobre a inflação e dados da atividade econômica do país acabaram por confundir os investidores ao invés de ajudá-los no dia de ontem.
Se na terça Jerome Powell apareceu e disse que não tem pressa em elevar os juros no país, na quarta o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, falou exatamente o contrário.
O dirigente de Atlanta declarou preocupação com a alta dos preços e defendeu o tapering e a subida dos juros nos EUA já no fim de 2022. Isso levou Wall Street ladeira abaixo, com o Dow Jones recuando 0,21%, o S&P 500 -0,11% e somente o Nasdaq se safou, subiu 0,13%.
Outro fator que gerou dúvidas sobre a recuperação econômica por lá foi a divulgação do Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês), que segue mostrando aquecimento em alguns setores e lentidão em outros.
Os PMI composto caiu de 68,7 pontos em maio a 63,9 pontos em junho, a leitura mais baixa em dois meses. Já o PMI industrial subiu de 62,1 pontos para 62,6 pontos, no mesmo período, e o PMI de serviços caiu de 70,4 pontos para 64,8 pontos.
O mercado também acompanhou com atenção a fala da Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, no comitê de orçamento no Senado, dizendo que espera obter apoio do G-20 para a proposta de imposto corporativo global com alíquota de 15%.
No Brasil, os investidores refletiram o mau humor dos Estados Unidos e o índice caiu depois de manter boa parte da manhã no azul.
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A aprovação da CSLL rendeu a maiores altas para a Brasken, que se beneficia com a retirada gradual da isenção de impostos sobre indústria química.
As alíquotas praticadas hoje são de 1% para o PIS e 4,6% para Cofins. Com a retirada gradual, elas passam para 1,08% e 4,98% até o final deste ano. O tempo de preparação rendeu alta de 2,81% a companhia.
A indicação hawkish do BC apresentada na Ata do Copom continua afetando o dólar, que se manteve abaixo dos R$ 5,00 pelo segundo dia consecutivo, o que não ocorria desde junho de 2020.
Agenda econômica
Nesta quinta-feira, 24, as atenções estão voltadas para a reunião do Banco Central da Inglaterra, que irá definir a taxa básica de juros, além da divulgação do PIB trimestral dos EUA e os números dos pedidos de auxílio desemprego.
Por aqui, a agenda reserva somente a divulgação da sondagem do consumidor.
No entanto, os investidores seguem acompanhando o desenrolar do campo político, com a CPI da Covid e anúncio dos nomes recomendados para comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos próximos dois anos.