Após fechar o mês de agosto com uma alta de pouco mais de 6%, sendo a melhor performance desde janeiro, o Ibovespa inicia os trabalhos de setembro em queda. O índice acompanha os mercados externos e as incertezas vindas da China, que derrubam o preço das commodities.
Por volta das 13h30, o principal índice da B3 caía 0,88% e operava aos 108.560 pontos. Nem a surpresa positiva do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro é suficiente para animar a Bolsa. Na ponta negativa, o IRB (IRBR3) estende as perdas recentes e recua 9,75%, com o mercado de olho na oferta de ações.
O ressegurador precificará nesta quinta-feira (1) a sua oferta de ações, em busca de R$ 1,2 bilhão para cumprir as exigências regulatórias. De acordo com a empresa, serão distribuídas, inicialmente, pouco mais de 597 milhões de novas ações, mas esse volume pode triplicar se a companhia julgar oportuno.
Em comunicado, o IRB destacou que este será o valor limite do aumento de capital. Ou seja: a empresa pode até vender mais ações, mas somente se na somatória o valor arrecadado respeitar o teto de R$ 1,2 bilhão. Portanto, na prática, a empresa está se preparando para a possibilidade de as ações serem vendidas a menos de R$ 1,00.
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Depois do IRB, Embraer (EMBR3) caía 5%, Via (VIIA3) recuava 5%, Petz (PETZ3) desvalorizava 4,71% e Azul (AZUL4) apontava em 4,50% para baixo.
Na visão de João Negrão, assessor de investimentos da SVN, a Bolsa vive um dia de “realização de lucros”, em resposta a alta vista em agosto.
Somado a isso, Negrão cita um sentimento de aversão ao risco vindo de fora para dentro. “Temos visto dados econômicos fracos vindos dos EUA e Europa, abaixo do consenso do mercado. Isso dá uma desestabilizada na economia e instabilidade aos mercados”, completa.
Commodities recuam
Notícias vindo da Ásia estremeceram os preços do minério e do petróleo, o que acaba pressionando os papéis de empresas ligadas a esses produtos. A CSN Mineração (CMIN3) recuava 3%, a CSN (CSNA3) perdia 3,04%, a 3R Petroluem (RRRP3) caía 2,57% e a Vale (VALE3) tinha baixa de 2,81%.
A China anunciou novos lockdowns no país na cidade de Changdu, com 21 milhões de habitantes, para conter o avanço das contaminações da Covid-19. “A nova medida catalisa temores ao passo que a cidade é um importante polo industrial e é responsável por 1,7% do PIB chinês”, avalia a XP Investimentos, em relatório matinal.
Como resultado, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve baixa de 1,17% na comparação intradia. Agora, a tonelada da commodity é avaliada em 675,50 iuanes, o equivalente a US$ 97,99. Ao mesmo tempo, o petróleo tipo Brent, que serve como referência no mercado internacional, recua 2,44%, a US$ 93,31 por barril.
Altas da Bolsa
Na ponta positiva, papéis ligados à construção civil lideram os ganhos, com JHSF (JHSF3) subindo 4,68%, Cyrela (CYRE3) em alta de 3,04% e MRV (MRVE3), que sobe 2,43%.
Juntamente com o avanço de 1,2% no PIB brasileiro no trimestre, a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) ressaltou, em nota, que o setor registrou alta de 2,7% no período.
“Os resultados da construção vêm em linha com o que já demonstravam outras sondagens feitas pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). O nível de atividade continua se expandindo, o que tem refletido positivamente no mercado de trabalho, conforme os dados do Caged e da PNAD vem demonstrando”, afirmou a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos.
Por conta disso, o CBIC elevou as suas projeções de crescimento do setor para este ano em 3,5%.
Na sequência das altas, destaque para a Raia Drogasil (RADL3), que subia 1,70%, Carrefour (CRFB3), que tinha alta de 1,67% e o Fleury (FLRY3), que avançava 1,64%.
Cenário internacional
Lá fora, o cenário segue sendo de quedas, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
Em Nova York, o Dow Jones caía 0,41%, o S&P 500 perdia 1% e o Nasdaq caía 2,12%, com os investidores repercutindo os novos comentários de autoridades do banco central americano.
Ontem, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que enxerga a taxa de juros americana acima de 4% ainda neste ano.
Na Europa, dados preocupantes com inflação e crise energética continuam a assombrar os mercados. Enquanto isso, nos mercados acionários, já perto do fechamento, mais recuos.
O DAX 30, da Alemanha, caía 1,60%, O FTSE 100, de Londres, perdia 1,86% e o Euro Stoxx 50, que reúne empresas de todo continente, apontava em 1,80% para baixo.