Em mais um dia de alta para os preços do petróleo, o Ibovespa conseguiu evitar as quedas das Bolsas do exterior e fechou o pregão desta quinta-feira (6) com ganhos de 0,31%, aos 117.561 pontos. Foram R$ 27,03 bilhões em volume negociado.
A história foi diferente no exterior. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 1,02%, o Dow Jones caiu 1,15% e o Nasdaq recuou 0,68%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 0,41%.
Com a alta de hoje, o saldo do Ibovespa no mês de outubro passou para valorização de 6,84%, enquanto os ganhos acumulados desde o início do ano agora somam 12,15%.
Petróleo salva o dia – de novo
Repetindo a história de ontem, o principal fator por trás da valorização do Ibovespa nesta quinta também foi a alta do petróleo, que seguiu embalado pela decisão da Opep+ (Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados) de cortar a produção da commodity em 2 milhões de barris por dia.
O petróleo Brent fechou em alta de 1,12%, a US$ 94,42 o barril.
Diante disso, cresce a pressão do mercado para que a Petrobras reajuste os valores da gasolina, que, na estimativa do time de research da XP Investimentos, está em defasagem de 12% em relação ao preço de paridade internacional.
Segundo matéria publicada pelo jornal Estado de S. Paulo, o governo estaria pressionando a estatal a segurar qualquer reajuste para depois do segundo turno da eleição presidencial.
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Apesar do imbróglio, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) tiveram alta de 3,41%, e as ordinárias (PETR3) subiram 2,96%. A Prio (PRIO3) também se deu bem e avançou 0,99%.
A Prio comunicou ao mercado que produziu 49,6 mil barris de óleo por dia em setembro, alta de 21,5% ante agosto e o melhor desempenho mensal da companhia neste ano. No terceiro trimestre, a produção da Prio subiu para 45,7 mil barris diários, o maior nível do ano e 31,2% maior do que no segundo trimestre.
Outro setor que subiu em bloco foi o de educação, com Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3) avançando 6,85% e 4,98%, respectivamente.
Para o analista da INV, João Abdouni, a alta de hoje nas ações de educação reflete o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato com mais chance de vencer as eleições presidenciais, ter declarado que em seu governo o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e o ProUni (Programa de Universidade para Todos) “voltariam com força”.
“A Cogna tinha mais de 50% das suas receitas ligadas ao Fies. Quando esse programa saiu de cena, a empresa começou a sofrer com inadimplência. Lula vem afirmando que quer melhorar a abrangência da educação, ou seja, financiar educação de pessoas de baixa renda. Fica claro que a Cogna e a Yduqs podem se beneficiar disso”, comenta Abdouni.
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Outros destaques de alta no pregão foram as ações de varejo, como Via (VIIA3), com ganhos de 8,03%, e Americanas (AMER3), que subiu 4,78%.
A alta dessas ações ligadas ao varejo acompanha mais um dado de deflação – queda nos preços da economia – divulgado nesta manhã. Mais cedo, a FGV divulgou o IGP-DI, o Índice Geral de Preços, que mostrou um recuo de 1,22% em setembro, após uma redução de 0,55% em agosto.
Cautela externa
Lá fora, todos os olhos estão voltados para a divulgação do principal relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, esperada para amanhã (7). Antes da divulgação, os mercados seguem cautelosos diante da percepção de que a economia do país está mais forte do que se esperava, o que permite que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) mantenha ritmo forte de elevação de juros.
Ontem, dados do relatório ADP revelaram um mercado de trabalho ainda forte no país em setembro, o que significa que as pressões inflacionárias podem continuar incomodando. Ao todo, foram criadas 208 mil vagas no setor privado, acima da projeção de analistas.
O mercado também repercute dados que indicam desaceleração econômica na Europa, como a queda anual de 4,1% nas encomendas à indústria na Alemanha em agosto e o recuo de 2% nas vendas no varejo na Zona do Euro, na mesma base de comparação.
Eleição em foco
Por aqui, os investidores continuam acompanhando as movimentações das campanhas do ex-presidente Lula e do presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida pela vitória.
Ontem, Simone Tebet (MDB) anunciou seu apoio a Lula, que ainda não definiu o nome do seu ministro da Economia ou qual será a sua política fiscal caso assuma o Palácio do Planalto a partir de 2023. Ontem, Bolsonaro evitou cravar que Paulo Guedes será o seu titular da pasta no ano que vem.
Cada vez mais, as atenções se voltam também para o Orçamento do ano que vem. De acordo com o jornal o Estado de S.Paulo, há negociações para a votação, até o final do ano, de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para garantir a continuidade do pagamento de um Auxílio Brasil de R$ 600.
O texto ainda institucionalizaria o chamado orçamento secreto (as emendas de relator, que possuem critérios de distribuição pouco transparentes), o que obrigaria o pagamento dessas emendas em 2023.
Criptomoedas
Ignorando o mau humor que derrubou as Bolsas americanas, o Bitcoin (BTC) se mantém acima de US$ 20 mil em um dia sem grandes movimentações para o mercado de criptoativos.
Investidores em todo o mundo aguardam dados de emprego dos EUA em setembro, que deve dar mais indicações sobre o pulso da maior economia do mundo em meio à escalada agressiva dos juros.
Por volta das 16h50, o BTC tinha queda de 0,6%, negociado a US$ 20.157, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap. Seguindo o mesmo caminho de lateralização, o Ethereum (ETH) registrava recuo de 0,4%, a US$ 1.368.
Outros dados do mercado de trabalho americano divulgados nesta semana trouxeram resultados conflitantes sobre o ritmo das atividades, criando ainda mais expectativa sobre os números que serão publicados nesta sexta-feira (7).
Dados do payroll são acompanhados com atenção pelos membros do Fed (o banco central americano) e devem dar novas direções sobre o ritmo de alta das taxas básicas de juros, que em setembro tiveram novo aumento de 0,75 p.p (ponto percentual).
“O próximo grande movimento do Bitcoin provavelmente será determinado sobre qual é o próximo grande movimento das taxas [de juros], e descobriremos isso amanhã de manhã”, afirma Ed Moya, analista sênior de mercados da Oanda.