Ibovespa cai 1,67%, aos 105.798 pontos, impactado por dados econômicos; Petrobras (PETR4) desaba

Na cena internacional, o clima negativo foi deflagrado após novos dados da inflação americana indicarem que a economia está bastante aquecida

Foto: Shutterstock/whiteMocca

Impactado pelo mau humor global e pressões internas, o Ibovespa voltou ao campo negativo nesta sexta-feira (24), fechando em queda de 1,67%, aos 105.798 pontos, segundo dados da plataforma TradeMap. O volume negociado foi de R$ 14,73 bilhões.

Na cena internacional, o clima negativo foi deflagrado após novos dados da inflação americana indicarem que a economia está bastante aquecida, o que deve pressionar o Fed, o banco central dos EUA, a manter a escalada dos juros.

Internamente, a queda foi impulsionada pelo recuo em bloco de siderúrgicas, em linha com a perda do minério de ferro, além de novos ruídos sobre a política de preços da Petrobras (PETR4; PETR3) e dados negativos da Minerva (BEEF3) no último trimestre de 2022.

Ainda por aqui, os dados prévios da inflação de janeiro tiveram alta de 0,76%, acelerando em relação aos 0,55% registrados em janeiro, e acima do esperado pelos investidores. Em 12 meses, o dado ficou em 5,63%, abaixo dos 5,87% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Com este desempenho, o Ibovespa encerra a semana em queda de 3,09%, enquanto na parcial do mês o recuo é de 6,72% e, no ano, de 3,58%.

Siderúrgicas e mineradoras caem em bloco

O grupo de baixo teve ampla participação de empresas expostas ao minério de ferro, que nesta sexta fechou em queda de 1,50%, com a tonelada negociada a US$ 131,30 no porto de Dalian. Foi o terceiro dia seguido de desvalorização da commodity, em reflexo à intervenção do governo chines nos preços.

Com isso, a CSN Mineração (CMIN3) perdeu 5,52%. Logo atrás, os papéis da CSN (CSNA3) caíram 5,22%, enquanto a Vale (VALE3), a ação com maior peso no Ibovespa, retraiu 2,20%.

Petrobras recua com ruídos políticos

As ações da Petrobras, que também possuem forte influência na Bolsa brasileira, aprofundaram as quedas após a presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, sinalizar que haverá mudanças na atual política de preços da estatal.

“Antes de falar em retomar tributos sobre combustíveis, é preciso definir uma nova política de preços para a Petrobras. Isso será possível a partir de abril”, disse ela em sua conta no Twitter.

“A tal PPI sempre foi inflacionária e só favorece a indecente distribuição de lucros e dividendos da Petrobras. Isso também tem de mudar”, acrescentou.

Os papéis preferenciais da estatal perderam 2,19%, enquanto os ordinários caíram 1,50%.

Segundo Hoffman, as alterações na política do PPI e na forma como a Petrobras distribui dividendos seriam possíveis a partir de abril, quando o conselho de administração da empresa será inteiramente renovado.

Minerva decepciona e afunda

As ações da Minerva retraíram 2,37% na sessão, refletindo a decepção dos investidores com os dados do quarto trimestre divulgados na noite desta quinta-feira (23).

A companhia apresentou um prejuízo líquido de R$ 25,7 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo o lucro de R$ 150,3 milhões no mesmo período de 2021. O valor ficou muito abaixo das previsões do mercado.

O BTG Pactual estimava um lucro líquido de R$ 237 milhões, enquanto o Santander, que tinha a opinião mais modesta, projetava resultado positivo em R$ 83 milhões.

Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap, já projetava uma queda nas ações no pregão desta sexta, e avaliou que o resultado demonstra que o cenário para o setor não é tão mais benigno no que tange à China. “O país representou 43% das exportações da empresa no período, mesmo com o fim da estocagem para o ano novo lunar chinês tendo prejudicado o balanço”.

Poucas altas do dia

Entre as poucas ações que subiram na sessão, destaque para os papéis da Magazine Luiza (MGLU3), que fechou em alta de 1,40%.

Mais cedo, o Citi divulgou um relatório mudando a recomendação do papel de neutra para compra, segundo o InfoMoney. O banco também elevou o preço-alvo de R$ 4,80 para R$ 5 ao fim do ano, o que traria uma valorização de 40,5% ante o fechamento de ontem.

Para o banco, a competição está mais branda para a varejista, e, sem citar o nome da Americanas (AMER3), afirma que “a crise de crédito de um dos seus maiores competidores” pode fazer com que as vendas totais online do Magalu cresçam até 20%.

Ainda na ponta positiva, Azul (AZUL4) ganhou 4,96%, enquanto a rival Gol (GOLL4) teve alta de 1,44%.

Mercados globais e criptos

Lá fora, os mercados globais fecharam em queda, repercutindo os dados do PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal), que avançou 0,6% nos Estados Unidos em janeiro. O indicador é um dos mais acompanhados pelo Fed.

Os sinais de uma economia ainda aquecida frustraram as expectativas mais otimistas de que o Fed já poderia desacelerar na alta dos juros.

“O mercado esperava que o ciclo de alta de juros nos EUA terminasse em 4,75%, e agora o mercado trabalha com expectativa de taxa de juros americana no fim do ciclo entre 5% e 5,5%”, explica André Fernandes, head de renda variável e sócio A7 Capital.

Em Wall Street, o Dow Jones perdeu 1,02%, enquanto o S&P 500 teve queda de 1,05% e a Nasdaq caiu 1,69%. No outro lado do Atlântico, o Euro Stoxx 50 fechou a sessão em baixa de 1,43%.

Seguindo o mesmo caminho, o mercado cripto operava em queda. Por volta de 17h, o Bitcoin (BTC) perdia 2,71% em comparação as últimas 24 horas, a US$ 23.434. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) caia 3,49%, negociado a US$ 1.601.

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