Mais uma vez, o Ibovespa desafiou a tendência negativa das Bolsas dos Estados Unidos e engatou a quinta alta seguida, impulsionado por Petrobras (PETR4; PETR3) e ações ligadas ao consumo.
O principal índice da Bolsa brasileira fechou em alta de 1,81%, aos 108.402 pontos, maior nível desde 7 de junho, com R$ 22,4 bilhões em volume negociado. Com a performance de hoje, o saldo do Ibovespa no mês de agosto passou para avanço de 5,08%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano é de 3,42%.
O dia não foi tão positivo no exterior, onde as Bolsas foram pressionadas pelas perspectivas de política monetária. Em Nova York, os mercados fecharam mistos, com o Dow Jones subindo 0,09%, o S&P 500 caindo 0,12% e o Nasdaq recuando 0,1%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,85%.
Política monetária no radar
Na sexta-feira (5), os dados do payroll mostraram uma criação de 528 mil vagas de trabalho nos Estados Unidos em julho, o dobro do previsto pelos investidores, mostrando que a maior economia do mundo ainda está muito aquecida e longe de uma recessão.
Com isso, aumentam as apostas em mais uma alta de 0,75 ponto percentual na taxa de juros americana. Agora, o mercado aguarda dois dados de inflação dos EUA, um na quarta (10) e um na quinta-feira (11), para mais pistas sobre os próximos passos da política monetária americana.
Por aqui, os analistas ouvidos pelo Boletim Focus, publicado na manhã de hoje, já esperam uma inflação de 5,36% no final de 2023, e voltaram a reduzir suas apostas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022, para 7,11%. Na semana anterior, os ouvidos pelo levantamento esperavam uma inflação de 5,33% no final do ano que vem e de 7,15% no final deste ano.
A mediana das expectativas para a taxa básica de juros, a Selic, foram mantidas em 13,75% no final deste ano e em 11% no final do ano que vem.
O BC (Banco Central) divulga nesta terça-feira (9) a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que na semana passada elevou a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75% ao ano. Muitos analistas encararam o comunicado como uma sinalização de fim de ciclo pelo Copom, apesar do texto ter deixado a porta aberta para um novo aumento na próxima reunião, em setembro.
O IBGE divulga também nesta terça o IPCA de julho, com a expectativa de uma deflação, a primeira desde a pandemia, por causa da redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos combustíveis, energia e telecomunicações.
Petrobras e consumo em destaque
A alta do Ibovespa nesta segunda, desafiando as Bolsas dos EUA, foi impulsionada pelas ações da Petrobras e por papéis ligados ao consumo.
Depois de uma série de quedas, o petróleo tipo Brent fechou em alta de 1,82%, a US$ 96,65 por barril, ajudando as ações de petrolíferas. Petrobras PN (PETR4) subiu 5,05%, Petrobras ON (PETR3) avançou 4,82%, Prio (PRIO3) ganhou 2,4’% e 3R Petroleum (RRRP3) teve alta de 2,02%.
Em relação as notícias do setor, a Petrobras concluiu a venda de suas participações em campos terrestres no Ceará para a 3R Petroleum por US$ 4,6 milhões, em mais um passo de seu plano de desinvestimento.
As ações que lideraram os ganhos do Ibovespa, porém, foram aquelas ligadas ao consumo. No fechamento, os maiores avanços do índice eram de Rede D’Or (RDOR3), SulAmérica (SULA11) e Gol (GOLL4), subindo 6,61%, 6,47% e 6,41%, respectivamente.
O movimento de alta das empresas de consumo acontece desde meados do mês de julho, com uma sinalização de arrefecimento de inflação juntamente ao anúncio da continuidade do Auxílio Brasil, pagamento do programa de transferência de renda.
A Azul (AZUL4) também teve alta, de 6,12%, depois de registrar aumento de 33,1% na oferta de voos em julho na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com prévias. A métrica, que mede a quantidade de assentos por quilômetros pagos transportados (ASK, na sigla em inglês), atingiu 3,78 bilhões no período.
Ponta negativa do índice
Na direção oposta, as maiores quedas do Ibovespa no fechamento eram de JBS (JBSS3), Locaweb (LWSA3) e MRV (MRVE3) com perdas de 3,64%, 2,35% e 1,93%, nesta ordem.
Nesta segunda, a Tyson Foods, subsidiária da JBS que atua no mercado americano, divulgou seu balanço do segundo trimestre.
A empresa viu seu lucro líquido ficar estável na comparação anual, em cerca de US$ 750 milhões, mesmo com um aumento de 8,2% nas vendas, atingindo US$ 13,5 bilhões e um avanço de 8,1% no preço dos produtos.
De acordo com informações da Bloomberg, a Tyson Foods sofreu com inflação em custos crescentes, além de um mercado de trabalho apertado, que acabou pressionando as vendas de frango e suíno. Em comunicado, a subsidiária da JBS afirmou que “as vendas de carne estão desacelerando com os altos preços afetando os consumidores”.
O Banco Pan (BPAN4), por sua vez, caiu 1,49%. A empresa viu seu lucro cair no segundo trimestre, ao mesmo tempo em que registrou um aumento com as despesas de provisões para devedores duvidosos (PDDs) na base anual. O lucro líquido foi de R$ 194 milhões, queda de 4% em comparação com o mesmo intervalo de 2021.
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Também reagindo ao balanço, a BB Seguridade (BBSE3) subiu 3,55%, depois de reportar o maior lucro líquido para um trimestre desde o IPO, com um total de R$ 1,4 bilhão em ganho, alta de 85,5% em relação a igual período do ano passado.
O avanço ocorreu tanto por causa do crescimento do resultado operacional dos negócios de seguros, com expansão dos prêmios emitidos e diminuição da sinistralidade, como também em razão do aumento do resultado financeiro, que basicamente representa os ganhos da BB Seguridade com os recursos que aplica em ativos, a maioria de renda fixa, em meio à elevação da Selic no último um ano e meio.
Agora, o mercado está de olho em mais uma semana recheada de balanços. Ao todo, 47 empresas vão soltar os números ao longo da semana, com destaque para Itaú Unibanco (ITUB4), BTG Pactual (BPAC11), Banco do Brasil (BBAS3) e Eletrobras (ELET3; ELET6), além das grandes exportadoras do setor de frigoríficos, como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3).
Criptomoedas
O mercado de criptoativos começou a segunda semana de agosto em ritmo de ganhos, em linha com o bom humor das principais Bolsas globais, enquanto os investidores aguardam dados da inflação americana.
Além da correlação com o mercado acionário, sobretudo a Nasdaq, a alta reflete notícias positivas no universo cripto, principalmente os recentes movimentos de adesão ao mercado de gigantes como a gestora BlackRock e o conglomerado financeiro Wells Fargo.
O Bitcoin (BTC) se manteve acima de US$ 24 mil durante a maior parte do dia, mas perdeu fôlego no fim da tarde e por volta das 16h50 era negociado a US$ 23.985, com alta de 1,8%.
O ritmo de alta também se estendeu para as altcoins, como são chamados os ativos além do BTC. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) subia 3,7%, a US$ 1.788.