Ibovespa sobe 1,62%, acima dos 109 mil pontos, após falas de Haddad sobre quadro fiscal

Ministro ressaltou o compromisso do govermo com a reforma tributária e afirmou que o novo arcabouço fiscal será apresentado em março

Foto: Shutterstock/rafapress

Após operar boa parte da manhã no negativo, o Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (15) em alta, ignorando o clima misto das Bolsas internacionais, refletindo as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o quadro fiscal.

Mais cedo, a Bolsa chegou a superar os 110 mil pontos, mas perdeu ímpeto ao longo da tarde. O principal indicador da Bolsa brasileira encerrou em alta de 1,62%, aos 109.600 pontos e R$ 22,17 bilhões em volume de negócio, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap.

O desempenho faz o Ibovespa subir 1,40% na semana, enquanto a parcial de fevereiro soma queda de 3,37%, e o ano de 0,12%.

Fala de Haddad anima mercado

Em participação em um evento do BTG Pactual, o ministro da Fazenda voltou a defender a prioridade dada pelo governo à reforma tributária, afirmando que deve ajudar a resolver os riscos jurídicos que podem prejudicar o resultado das contas públicas.

Ele ressaltou que pretende entregar em março a proposta para a nova regra fiscal do governo, que substituirá o teto de gastos. Antes, a expectativa era que a medida fosse apresentada em abril.

“Não tenho pretensão de ser o dono da verdade. Estamos estudando faz dois meses regras fiscais do mundo inteiro, documentos de todos os organismos internacionais”, afirmou.

Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, a sinalização de melhora do quadro fiscal foi o estopim para a mudança de percepção do mercado. “Esse anúncio surgiu quase como um respiro de alívio, o qual animou muito os investidores”.

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Haddad ainda voltou a criticar a atual política de juros do BC (Banco Central) e ressaltou que a mudança da meta de inflação não estará na pauta do CMN (Conselho Monetário Nacional), que se encontra pela primeira vez no ano nesta quinta-feira (16).

Além de Haddad, fazem parte do colegiado a ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Altas do pregão

Os comentários do ministro da Fazenda refletiram na queda dos juros e ajudaram a impulsionar as ações ligadas à economia doméstica.

Os contratos futuros de DI para 2024 recuaram para 13,11%, enquanto os com vencimento em 2026 e 2029 fecharam em 12,77% e 13,23%, nesta ordem, conforme a plataforma TradeMap.

Na ponta positiva, a Hapvida (HAPV3) puxou a alta, com valorização de 7,64%. Na sequência, MRV (MVRE3) subiu 5,85, enquanto Natura (NTCO3) ganhou 5,73%.

O clima também foi positivo para as ações ligadas ao minério de ferro. A Vale (VALE3), papel com maior peso no Ibovespa, subiu 2,18. No mesmo segmento, CSN Mineração (CMIN3) subiu 5,24%, enquanto CSN (CSNA3) ganhou 3,70% e Usininas (USIM5) teve alta de 1,69%.

No mercado internacional, a tonelada da commodity fechou em alta de 2,18%, negociada a US$ 126,46 no porto de Dalian.

Totvs lidera queda após balanço frustrante

Por outro lado, as ações da Totvs (TOTS3) foram os desataques da ponta negativa, com baixa de 4,16%. O desempenho reflete a frustração do mercado com os dados do quarto trimestre reportados na noite desta terça-feira (14).

A empresa de tecnologia viu uma queda de margem no período, impactada por efeitos não recorrentes.

Para a Ativa Investimentos, a receita líquida de R$ 1,08 bilhão superou as estimativas em 10%, mas a margem bruta e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) vieram mais pressionadas do que o esperado.

Ainda nas baixas, Magazine Luiza (MGLU3) perdeu 4,19%, enquanto Braskem (BRKM5) caiu 0,68%. Vale ressaltar que as ações da varejista já subiram quase 50% no ano, principalmente após o colapso da Americanas (AMER3).

Mercados globais e cripto

Os mercados globais fecharam em alta após passar a maior parte do dia sem direção definida, ainda refletindo as expectativas da política monetária americana após a divulgação dos dados de inflação.

Em Wall Street, o Dow Jones subiu 0,11%, o S&P 500 ganhou 0,28% e a Nasdaq valorizou 0,92%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 avançou 0,97%.

O índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA avançou 0,5% em janeiro, de acordo com dados divulgados pela secretaria de estatísticas trabalhistas (BLS). O núcleo de inflação (medida que exclui preços de alimentos e energia, que são mais voláteis) avançou 0,4%.

“Os dados [CPI] mostram uma desaceleração ainda lenta da inflação nos EUA”, afirma Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.

Na Europa, a produção industrial da Zona do Euro mostrou queda de 1,1% em dezembro, resultado abaixo das expectativas. Segundo a XP, o indicador reflete uma “redução da demanda na medida em que a atividade perde tração com a alta de juros”.

Ignorando o clima das Bolsas, o mercado cripto passa por um rali depois das quedas dos últimos dias. Por volta das 17h20, o Bitcoin (BTC) ganhava 6,14% em comparação as últimas 24 horas, próximo de US$ 23,7 mil. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) valorizava 0,60%, negociado a US$ 1,5 mil.

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